quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tamara de Lempicka

'Art Déco’, palavra de origem francesa é abreviação de ‘arts décoratifs’, e refere-se a um estilo que afetou a arquitetura, o design e as artes plásticas na década de 20. Edifícios, esculturas, jóias, luminárias, móveis, tudo é geometrizado e luminoso. De todos os artistas, a bissexual Tamara de Lempicka foi uma notável e memorável pintora da ‘art déco’ e também muito influenciada pelo cubismo. Nascida Maria Gurwik-Górska, perto de Varsóvia em 1898 em uma família abastada da Polônia, seu pai era um advogado judeu-russo e sua mãe uma socialite de origem polaca. Estudou em colégio interno na Suíça, e com 20 anos casou-se pela primeira vez com o solteiro mais cobiçado, o advogado Tadeusz Laempicki que conheceu num baile de máscaras. Um ano depois da Revolução Russa fugiram para Paris. Após o nascimento de sua filha Kizette, adota o nome Tamara e vai estudar pintura e é onde a fantástica história de Tamara de Lempicka começa. Instalada em Montparnasse, logo fez-se famosa entre a nata da sociedade parisiense. ‘La belle polonaise’, como era chamada, torna-se um exemplo de mulher moderna e elegante, transforma-se numa verdadeira diva, tanto que, pegando carona em seu sucesso, a empresa Revlon, fabricante de cosméticos, lhe dedica uma marca de batom. Criadora de um estilo sensual e muito sofisticado que produziu efeitos de desejo e sedução, Tamara de Lempicka foi uma das protagonistas daqueles ‘loucos anos 20’. A sua paixão pelas tintas fortes e de cores iluminadas, expõe de forma crua e fria, os sentimentos e emoções, extravagância e sensualidade, expressando erotismo em seus quadros. Reflexo dela própria, uma personalidade amante dos excessos. Em sua obra, a mulher aparece ora ultra-feminina, ora masculinizada, mas sempre forte. Divorciada do primeiro marido casa-se com um rico aristocrata húngaro, o Barão Raoul Kuffner, e com a ameaça de uma segunda Guerra Mundial, mudam-se para Nova York. Bela, emancipada, moderna e escandalosa, personagem das noitadas nova-iorquinas, sua vida e sua obra trafegaram entre hotéis de luxo e automóveis conversíveis. Assumiu publicamente sua bissexualidade e teve inúmeros casos com amigos, modelos e desconhecidos. Tudo com muito esplendor que camuflavam o abuso de cocaína, as dificuldades nas relações com a sua filha, com quem nunca conseguiu manter uma relação equilibrada, a depressão, e, por fim, a solidão que também é expressa em suas telas. Após a morte do seu marido muda-se primeiro para o Texas e depois para o México onde viria falecer e conforme expresso em seu testamento, suas cinzas foram dispersas, pela filha, sobre o vulcão Popocatepetl. Entre os admiradores e colecionadores de sua obra figuram personalidades como o ator Jack Nicholson e a cantora Madonna, que a homenageia nos videoclips de ‘Express Yourself’ e ‘Vogue’. 'Para aqueles que, como eu, vivem à margem da sociedade, as regras habituais não têm qualquer valor', esta frase define claramente o espírito e a postura ao longo da sua vida e obra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário