A pintura de Frida é a sua própria história, da sua dor e angústia. Ainda por conta do acidente, não podia ter filhos e essa frustração foi amplamente retratada em sua obra. O que Frida pintou foi o seu sofrimento, suas feridas, sua dor, o seu próprio sangue, pode-se ver o seu corpo mutilado, cortado, sofrido, carregado das cicatrizes que o retalharam. Tinha uma completa dependência emocional do marido, Diego Rivera, a quem amou profundamente e com quem levou uma vida instável e tumultuada. As fases ruins com Rivera pioravam a sua saúde. O marido tinha amantes e ela também. Dos dois sexos. Para Rivera, as relações homossexuais de Frida eram perfeitamente permitidas, o mesmo não acontecendo com as relações heterossexuais, mas ela as mantinha assim mesmo. Sofreu como poucas mulheres sofreram em suas vidas, com traições, frustrações e solidão - como se não bastassem as mutilações e as 35 cirurgias que fez ao longo de 30 anos, aproximadamente. Teve momentos de felicidade, onde sorria com muita freqüência e expressava-se com palavrões ditos sonoramente com sua voz profunda. E levou uma vida sexual variada e intensa, difícil até de se imaginar como, por conta da média de uma cirurgia por ano. É importante que se diga que Rivera era o mais importante pintor mexicano naquele tempo e só depois, com a redescoberta de Frida mais recentemente, ela pode equiparar-se a ele em termos de fama e reconhecimento. Foi Rivera, após a morte da esposa, que fundou o museu em sua homenagem para preservar a obra 'da mais importante pintora mexicana'. Frida morreu aos 47 anos, em 1954, no seu México de nascimento e adoração, morreu de uma overdose de medicamentos ou de uma pneumonia - não está completamente esclarecido, suspeita-se de suicídio, mas isso também não é certo. Por muitos anos escreveu um diário carregado de confissões, poemas e desenhos, quase sempre alegres, mas onde também fala do seu terrível sofrimento. Morreu com dores terríveis e só a morte a livrou do sofrimento. Pouco antes de morrer, deixou dito: ‘Tomara que nunca mais eu precise retornar’.
Um rosário de lindas e inteligentes mulheres passou pela cama e marcou presença no coração da genial Frida Kahlo. E como se não bastasse a sua força de viver diante dos infortúnios, ela deixa acima de tudo, um legado que não tem preço: a sua desenvoltura diante do amor, do sexo e do prazer. Tanto o seu envolvimento com mulheres quanto com homens era sem culpa. Tem-se nessa Deusa Azteca não somente uma autodidata do surrealismo, mas também a Frida mulher, bissexual sempre dada ao prazer. Não lhe escapou ao coração a estonteante atriz Dolores Del Rio como tantas outras do seu itinerário de conquistas. A atrofia física não lhe ofuscava o espírito. Era uma sedutora nata. Mulher bonita à sua época, tanto por homens quanto por mulheres era cobiçada. Deixou um legado maior que a sua reconhecida e concorrida obra, a sua personalidade avassaladora. Tênue a sua saúde, mas impulsiva a sua coragem e o seu apego à vida. Esta é a Frida Kahlo da heróica resistência do corpo, a mexicana da alma inquieta que soube conduzir tão bem uma paixão. De uma curta, mas intensa existência. Assim foi e continua sendo Frida Kahlo.
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