Alice Malsenior Walker, escritora e feminista sempre foi uma ativista pelos direitos dos negros e das mulheres, destacando-se na luta contra o ‘apartheid’ e contra a mutilação genital feminina em países africanos. De origem africana, filha de agricultores nasceu na Geórgia em 1944, iniciou sua carreira de escritora com ‘Once’, um volume de poesias. Escreveu também o livro ‘De amor de desespero’, uma coletânea de vários contos, uma obra composta pelas vozes de várias mulheres negras do sul dos EUA, mulheres diferentes com seus temores, desafios e sonhos. Mas Alice Walker alcançou fama mundial com ‘The Color Purple’, premiado com o ‘Pulitzer’, e dando origem a um dos mais belos filmes de Steven Spielberg, com a atriz Whoopi Goldberg no papel principal e traduzido no Brasil como ‘A Cor Púrpura’.
Em 2006, Alice falou de sua relação amorosa com a cantora Tracy Chapman durante uma entrevista para o ‘The Guardian’.Um dos assuntos recorrentes nos trabalhos de Alice Walker é a insistência em buscar a verdade nas relações entre luta e mudança na dolorosa vida das pessoas negras, motivo de protesto da escritora, principalmente das negras. A forma da narrativa de ‘The Color Purple’, é epistolar, técnica literária que consiste em desenvolver a história principalmente através de cartas, que era o modo de expressão mais utilizado no Oeste. As feministas históricas acreditavam que elas eram as principais fontes de informações objetivas e subjetivas dos fatos da vida diária das mulheres e enfatizavam a opressão das mulheres negras vividas nas suas relações com os homens negros (pais, irmãos, maridos, amantes) e a solidariedade mútua que precisavam ter para se auto-libertarem. Alice aborda o proibido na narrativa em tela, focalizando o incesto e retrata a relação lésbica como natural e livre.O período histórico retratado é um ano antes de 1920 e depois do final da escravidão nos Estados Unidos, que ocorreu oficialmente em 1865. Na obra, Alice Walker constrói com sensibilidade e talento, sua maior personagem: Celie, uma mulher negra sulista, com apenas 14 anos, quase analfabeta, que vive em uma realidade dura de pobreza, opressão e desamor e que escreve cartas para Deus, única forma de manter a sanidade e de expressar seus sentimentos e observações sobre a vida. Celie não era considerada como pessoa, mas sim tratada como objeto. O padrasto, que a violentou, e o marido acabaram com sua auto-estima, relembrando-a sempre que era apenas uma pobre e feia mulher negra, nada mais que isso. Cellie representa todas as mulheres que vivem na sombra de maridos dominadores. É uma alma cheia de anseios e sentimentos que luta com suas armas sutis para manter a sua dignidade.Os homens são opressores brutais, inimigos. Shug Avery, uma sensual cantora de blues e Celie se apaixonam. Desde que aprende a amar a si mesma, ama os outros e Celie descobre a sexualidade através da relação lésbica com Shug Avery e parte com ela para Memphis, libertando-se da escravidão e abusos que o marido lhe infligia. Para Celie, essa relação é a única escolha e inicia uma vida nova e constrói sua identidade como ser humano, como mulher. O amor por outra mulher abre um espaço para a realização pessoal e sexual da mulher no qual a identificação com outro ser igual possibilita a auto-integração do sujeito feminino.
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