Do set para as câmeras, a primeira diretora lésbica assumida de Hollywood
Dorothy Arzner nasceu em 1897 em São Francisco. Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, a jovem Dorothy achou que seu destino era ajudar seu país e decidiu alistar-se nas forças armadas, no campo de batalha, foi motorista de ambulância. Dorothy Arzner se formava em medicina quando visitou pela primeira vez um estúdio de cinema. Em Hollywood no início do século 20, mais precisamente em 1919, ela deu o primeiro passo para as telas, quando pleiteou um emprego como datilógrafa e revisora de roteiros. Conseguiu emprego na Paramount e seu primeiro cargo foi o de secretária, para em seguida subir para o cargo de editora de filmes. Sete anos depois, com 27 anos de idade, ameaçou pedir demissão que não foi aceita, e passou então do set de filmagens para direção de filmes, a primeira mulher a ocupar este cargo em Hollywood. Dorothy era uma figura marcante, conhecida por usar trajes masculinos e de personalidade arrojada, a diretora fez vários filmes e suas atrizes preferidas eram Katharine Hepburn, Lucille Ball e Joan Crawford, com esta última provocava rumores no estúdio. Ela chamava a atenção e o fascínio das mulheres, e das feministas que começavam a articular o movimento de libertação da mulher americana. Dorothy estreou como diretora no filme "Fashions for Women". Em sua carreira Arzner dirigiu 17 longas metragens do cinema mudo, e até os dias de hoje é reverenciada por cineastas feministas dentro e fora dos Estados Unidos. Em 1937, dirigiu Joan Crawford em "Felicidades de mentira", que se tornou um de seus filmes mais famosos. A obra mais feminista de Arzner foi "Assim amam as mulheres", de 1933. Dentre as adaptações que fez para as telas, encontra-se a obra "Nana", de Emile Zola. O primeiro filme a chamar a atenção foi o lendário “Dance, Girl, Dance” de 1940 ao abordar as tintas da homossexualidade em mulheres fortes e fatais quase tangendo a marginalidade. Seus roteiros incluíam mulheres tematicamente quase marginalizadas, e obviamente incorporando sua visão como lésbica do universo feminino, seus filmes revolucionários mostram sempre mulheres fortes em oposição ao estereótipo da mulher submissa dos anos 20 nos Estados Unidos. Dorothy vivia em companhia das mulheres e era constantemente flagrada pelos fotógrafos abraçada a Marlene Dietrich, Rosalind Russel, entre outras estrelas ou então por evidenciar no olhar um brilho especial quando em sua companhia. Dorothy Arzner, além de ter introduzido o microfone boom (o de teto), em seu último filme, "Crepúsculo sangrento", de 1943, fez propaganda anti-nazista. Neste mesmo ano interrompeu, abruptamente, seu trabalho como diretora, abandonando de vez o cinema, nunca se soube a razão, mas segundo as biografias, Dorothy era extremamente rígida, quando achava que não realizaria um filme a seu modo, preferia entregar a tarefa a outro diretor. Após abandonar o "set" de filmagens, deu aulas de cinema na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e um de seus mais famosos alunos foi Francis Ford Coppola. Após este período, ela montou uma escola de cinema, onde realizava filmes comerciais para a Pepsi-Cola através da grande amiga e atriz, Joan Crawford, que inclusive eram vistas na época como caso. A primeira lésbica assumida de Hollywood foi a primeira mulher a ser admitida no ‘Directors' Guild of América’ e durante algum tempo foi a única diretora dos mais famosos estúdios de Hollywood e deixa um verdadeiro legado de talento e coragem imprimindo a sua verdade.
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