No passado, para muitas atletas femininas, as semanas que antecediam as olimpíadas costumavam ser um período de terror. Estas mulheres não estavam preocupadas em ganhar as medalhas olímpicas, o que as aterrorizavam era caírem no teste de feminilidade, e serem expostas ao mundo como um homem. Escândalos olímpicos foram usados nesse sentido. Isso começou nos jogos de Berlim em 1936, na era de Hitler, quando a americana Helen Stephens bateu a fabulosa Stella Wash para vencer os 100m, e foi categoricamente acusada de ser um homem. Os médicos germânicos inspecionaram os genitais de Helen e concluíram que ela era uma mulher. Isto pôs fim ao debate, mesmo com crenças de que outras corredoras corriam como homens. Nos anos 80, Stella Wash foi morta durante um roubo e a autópsia mostrou que era ela que tinha genitais masculinos. Nos anos 60, quando a cobertura televisiva das olimpíadas começou, expectadores viram mulheres ganharem medalhas olímpicas, atletas que acreditavam serem homens. Em 1966 os testes de sexo foram introduzidos: atletas femininas eram postas nuas e submetidas a exames ginecológicos. Mais humilhantes foram os testes que em 1968 o ‘Comitê Olímpico Internacional’ tentou introduzir para substituir aos exames ginecológicos, uma verificação para saber se cada competidora possuía os dois XX cromossomos. Os testes de gênero foram perdendo credibilidade. Uma corredora tcheca, de 1930, chamada Zend Koubrova sofreu horrores por ver uma fotografia de seus genitais ambíguos publicados. Ela retornou para sua casa e assim permaneceu reclusa por anos. A polonesa Eva Kobkowsca foi banida dos eventos femininos em 1967 por ter cromossomos XXY, porém nada foi provado. O judô brasileiro enfrentou em 1996 a polêmica em torno de Edinanci Silva. O vôlei entrou no tema em 1997, com Érika Coimbra. Os dois casos, porém, estão distantes da transexualidade. Elas nasceram mulheres, mas tiveram a sexualidade contestada porque apresentavam características de ambos os sexos, excesso de hormônio masculino e precisaram passar por cirurgias reparadoras para competirem como mulheres. A atacante brasileira Érika, jogadora da seleção brasileira foi submetida ao exame durante o mundial juvenil, em setembro de 1997, e teve o resultado positivo. Érika tinha uma má formação dos órgãos reprodutores e teve de ser submetida a uma cirurgia e a tratamento hormonal. Na época, o mexicano Ruben Acosta, presidente da 'Federação Internacional de Voleibol' foi duro: obrigou o Brasil a tirar Érika da competição, sob a ameaça de a equipe ser eliminada do torneio. Acosta afirmou que a sua entidade não seguirá a medida anunciada pelo COI: de abrir as portas das competições para as transexuais. Para Acosta permitir a presença de mulheres transexuais em torneios de vôlei são abusos humanos. O mexicano foi acusado de corrupção e investigado pela Justiça da Suíça e pelo Comitê Olímpico Internacional por uso ilegal de verbas. No início de 2005 a ‘Federação Internacional de Voleibol’ decidiu abolir testes de feminilidade. Os testes nunca provaram que um homem foi mascarado como uma mulher, mas eles traumatizaram mulheres intersexuais. Recentemente o 'Comitê Olímpico' aceitou a ciência moderna que afirma que o gênero não é absoluto. Esta comprovação permitiu a transexuais, pessoas que possuem o gênero cerebral opostos aos genitais, a competirem nas olimpíadas. O COI entendeu que não faz nenhum sentido barrar uma transexual ou os homossexuais nos jogos olímpicos, e concluiu que: quanto mais nós vermos essas pessoas na primeira-classe dos esportes mundiais, profissionais ou não, as pessoas começarão a entender que são o tipo de atletas que nós queremos em esportes, eles são corretos, dignos, trabalham duro, perseguem seus objetivos, não têm medo de serem o que são e são excelente competidores.
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