O termo "educação" está relacionado com uma realidade global e complexa. Podemos entender como educação o contexto escolar e os conteúdos curriculares, mas o seu alcance vai muito para além deste contexto específico. A educação está presente em todas as situações do quotidiano e em todas as interações da vida humana. Não existe tal coisa como "não" educação. Seja em contexto formal, informal ou não formal, a educação é uma parte importante e determinante do crescimento de todas/os nós e uma atividade desenvolvida ao longo da vida.
Apesar deste entendimento mais global da educação, atualmente, a educação formal tem um papel relevante na nossa sociedade e na vida de todas e de todos. A educação formal tem um impacto duradouro e significativo em cada pessoa. O contexto escolar, bem como os conteúdos curriculares e as abordagens pedagógicas, podem contribuir para desenvolver ou para limitar o potencial emocional e cognitivo das/os alunas/os. Esta influência significativa sobre o crescimento e desenvolvimento dos jovens é particularmente relevante quando consideramos pessoas que são alvo de alguma forma de discriminação. Neste artigo pretendemos abordar as especificidades das lésbicas e educação.
Fazer parte de um grupo discriminado é uma experiência difícil e desafiante. O contexto educativo deve proporcionar oportunidades iguais para todas e todos e promover o direito à dignidade e ao respeito de cada indivíduo. Esta é uma tarefa multidimensional, que inclui as relações interpessoais em contexto escolar, assim como as questões formais da organização educacional, tais como os conteúdos curriculares e as abordagens pedagógicas.
este artigo esta centrado principalmente nas relações interpessoais, no preconceito e na discriminação. No entanto, a investigação sobre os aspectos formais da organização educacional também pode contribuir para a compreensão das potencialidades e limitações dos contextos educativos. Para abordar estas questões será proposto um novo número da LES Online numa próxima oportunidade.
"Desconstruindo preconceitos sobre homoparentalidade", escrito por Jorge Gato e Anne Marie Fontaine, apresenta uma revisão da literatura sobre o desenvolvimento psicológico de crianças educadas num contexto familiar homoparental, com particular destaque para famílias de mães lésbicas. O artigo compara as conclusões de diversas investigações com os resultados de um estudo português em curso, sobre as atitudes de estudantes e profissionais de diversas áreas psicossociais no que diz respeito à homoparentalidade.
A homofobia internalizada e a ideação suicida em adolescentes lésbicas, gays, bissexuais (LGB) e heterossexuais, são abordadas no artigo "Homofobia internalizada e suicidalidade em jovens LGB e não LGB” por Patrícia Rodrigues. Esta investigação apresenta alguns resultados preliminares decorrentes da análise de dados de um número significativo de participantes, obtidos no contexto de comunidades virtuais, listas de discussão e portais on-line.
O bullying homofóbico e o romper das regras do que significa ser um homem ou uma mulher, são os principais tópicos do artigo apresentado por Raquel Platero "Estrategias de afrontamiento frente al acoso escolar: una mirada sobre las chicas masculinas". As estratégias de jovens mulheres de aspecto masculino para lidar com um contexto educativo discriminatório, são apresentadas como um exemplo para argumentar a favor de uma perspectiva interseccional na investigação sobre o bullying.
Um tema mais transversal e sempre presente é a invisibilidade lésbica. O artigo "Ainda, apenas fantasmas" de São José de Almeida apresenta-nos uma análise exaustiva da invisibilidade lésbica, não só na sociedade, espaços públicos, discursos, media etc., mas no próprio movimento LGBT. Esta autora coloca um conjunto de questões pertinentes, e por vezes incómodas, que desafiam as nossas ideias sobre os grupos discriminados e em particular sobre o movimento associativo LGBT.
Na secção de recensões são apresentados dois trabalhos sobre livros particularmente relevantes sobre a temática lésbica: Anabela Rocha escreve sobre o livro de Beatriz Preciado “Testo Junkie: sexe, drogue et biopolitique”, e Sara Lafuente Funes apresenta o livro coordenado por Raquel Platero “Lesbianas, discursos y representaciones”.
Trecho Retirado de um artigo
Revista Les on Line
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