Depois de ter sido bem recebido pela crítica em festivais de cinema pelo mundo, “Flores raras”, novo trabalho do diretor brasileiro Bruno Barreto (“Dona Flor e seus dois maridos” e “O que é isso, companheiro?”), estreou neste final de semana em mais de 150 salas de cinema em todo o Brasil.
O filme retrata o romance real entre a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta e paisagista brasileira Lota Macedo de Soares (Glória Pires) e tem roteiro inspirado no livro “Flores raras e banalíssimas”, de Carmen Lucia Oliveira.
História conturbada
O longa-metragem inicia com a chegada de Elizabeth ao Brasil, onde desembarcou de um navio em 1951, no porto de Santos, aparentemente disposta a aplacar uma crise existencial e criativa por que passava. A convite da amiga americana Mary Moser (Tracy Middendorf) – até então namorada de Lota –, a escritora deixou Nova York para passar duas semanas no sítio Samambaia, em Petrópolis (RJ). Essa temporada, no entanto, iria durar 17 anos – tempo que a escritora viveu no Brasil.
Logo nos primeiros minutos do filme, um triângulo amoroso parece a se desenhar quando Bishop começa a se envolver com a brasileira. Mas o filme se apressa para tirar a ex de cena e parte para o envolvimento de Bishop e Lota. A corrida para contar o relacionamento que inspirou o filme, porém, acaba dando superficialidade ao romance, levando até o público a não acreditar na veracidade do relacionamento entre as protagonistas. É preciso de muitas cenas depois para provar que é real.
Além de retratar o envolvimento complicado e as perdas pessoais das duas, “Flores raras” faz uma breve biografia do trabalho da dupla. A trama tem como pano de fundo as paisagens da cidade do Rio de Janeiro e Petrópolis, cenários que inspiraram profundamente o trabalho de Elizabeth Bishop. Foi no Brasil que ela concluiu o livro “Norte e Sul”, pelo qual ganhou o prêmio Pulitzer de literatura.
O filme faz também registro interessante da história por trás da construção do Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro, um dos principais trabalhos da arquiteta Lota de Macedo.
Amor e poesia
Mas o longa conta essencialmente a história de uma relacionamento entre duas pessoas com personalidade opostas: Bishop, frágil e tímida, e Lota, confiante e autoritária. Para dar ainda mais ênfase à diferença das duas, o filme recorre até a cenas de choque cultural e ideológico entre as artistas, chegando também a fazer uso de muitos clichês brasileiros no exterior.
“Flores raras” é sobretudo um filme sobre amor, do tipo intenso e conturbado, recheado por bossa nova, poesia e um tanto de tragédia.
História pessoal
O diretor Bruno Barreto começou a desenhar o projeto do filme “Flores raras” há 17 anos, quando a produtora Lucy Barreto comprou os direitos de adaptação do livro “Flores raras e banalíssimas”, de Carmen Lucia de Oliveira. Mas decidiu tirar do papel quando se separou da esposa, que era fã da história.
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