domingo, 24 de abril de 2011

Alice Toklas

Alice Toklas e Gertrude Stein, 1944. Foto: Carl Mydans©Time  Life Pictures

Alice Toklas e Gertrude Stein, 1944. Foto: Carl Mydans©Time Life Pictures

Gertrude Stein escreve um romance na primeira pessoa de Alice Toklas, sua companheira por 25 anos, para falar de Gertrude Stein e os anos de convivência no salão da Rue de Fleurus, em Paris, no início do século xx. Pelo que se lê em A autobiografia de Alice B. Toklas (1933), enquanto a autora dedicava-se a questões literárias e às tertúlias que reuniam Picasso, Matisse e Hemingway, Alice cozinhava, bordava, cuidava das plantas, datilografava seus manuscritos e ajudava a entreter os convidados.

O poeta Cesare Pavese (1908-1950), que traduziu a obra para o italiano, comentou este jogo literário no prefácio que se encontra apenas na edição da Einaudi, de 1938. Maurício Santana Dias gentilmente trouxe a pequena pérola para o português:

“Gertrude Stein [me] disse… [Essa autobiografia] vou escrever para você.” O pior julgamento que se poderia fazer desta obra seria afirmar que seu desfecho parece inesperado. Para nós, ao contrário, seria apenas a alegre assinatura do quadro, tanto o sorriso mistificador vai sutilmente iluminando o texto de cima a baixo. E nem se pode considerar monótona essa posição da autora. Veja-se quanto o sorriso resulta malicioso quando “Alice Toklas” julga severamente a si, e quanto, ao contrário, se torna preocupante quando se faz Gertrude Stein emitir as mais lucíferas opiniões sobre a obra de Gertrude Stein. É precisamente neste jogo de espelhos – Gertrude Stein que fala de Gertrude Stein por boca da gárrula Alice Toklas – que consiste o rico segredo desta prosa. Sobretudo o que diz e faz Gertrude Stein desce uma adorável ambiguidade, que distancia, alivia e ironiza suas palavras e seus gestos, do mesmo modo como, olhando-nos dentro de um espelho, todos nós nos sentimos diversos e irresponsáveis.

Gertrude Stein

  • Gertrude Stein
Nascida em 1874, no estado da Pensilvânia (Estados Unidos), no seio de uma rica família judaico-alemã, Gertrude Stein cresceu entre a Áustria e a França, para depois retornar aos Estados Unidos, residindo em Oaklan (Califórnia) e Baltimore (Maryland). Em 1897, ingressou no curso de medicina da Universidade Johns Hopkins, que abandonou em 1901. Dedicou-se, então, à psicologia e após concluir os estudos com William James e Henri Bergson, estabeleceu-se definitivamente em Paris. No salão de sua casa parisiense, concorridas reuniões semanais atraiam escritores e artistas de vanguarda, como Pablo Picasso (por quem foi retratada), Guillaume Apollinaire, Georges Braque, Henri Matisse e Jean Cocteau, além dos norte-americanos autoexilados Ernest Hemingway, Scott e Zelda Fitzgerald e Paul Bowles. Tornou-se, nessa época, a principal referência para o jovem Hemingway, influenciando-o em seus primeiros escritos. Ao lado da companheira de toda a vida, Alice Babette Toklas, com que manteve uma relação estável e duradoura, Stein pode dedicar-se integralmente à literatura, já que a fortuna da família lhe garantia uma vida confortável. Em 1909, publica Três vidas, obra em que já se nota o experimentalismo de sua escrita, com parágrafos quase ininterruptos e uma série de reiterações. Gertrude Stein ficou particularmente conhecida por suas “autobiografias”: Autobiografia de Alice B. Toklas (1933) ? que retrata a efervescência cultural do começo do século XX na capital francesa ? e a Autobiografia de todo mundo (1936). Faleceu em julho de 1946, em Paris.

Sugestão de filme:

If The Walls Could Talk (ou Desejo proibido)

Hoje o Homomento traz uma indicação: If The Walls Could Talk 2 (2000), título tragicamente adaptado para “Desejo Proibido” no Brasil. Essa péssima adequação no nome já pode afastar alguns leitores, por isso peço que desconsiderem esse ponto falho. Para quem já assistiu vale a reflexão.

Eu poderia dizer que em ITWCT 2 o assunto principal são lésbicas, mas estaria sendo simplista (para não dizer ignorante). Para mim a temática é baseada na construção da família homossexual, com foco em relações entre mulheres. A história é uma semi-continuação do If The Walls Could Talk (1996), que explorou a compreensão do aborto em diferentes períodos. Já o If The Walls Could Talk 2 opta por uma narrativa segmentada em épocas, totalizando três histórias curtas, focadas em sentimentos e relacionamentos completamente diferentes uns dos outros. O resgate de emoções inaceitáveis (ou mascaradas na contemporaneidade) sustenta a capacidade reflexiva do filme, e essa é, para mim, a principal qualidade.

A primeira short history conta a história de duas lésbicas casadas por 50 anos em pleno 1961. As senhorinhas vivem em uma casa e levam um relacionamento duradouro e feliz, até que em um acidente domésticos uma delas morre.

A história de Abby (Marian Seldes) e Edith (Vanessa Redgrave) é a mais emocionante

A tragédia é ambientada na mesma casa que abrigou por anos aquela família pacificamente transgressora e que agora acolhe a solidão e o desespero da parte restante do casal. A concepção de família é completamente ignorada por todas as personagens que ficam à margem da trama, com exceção, é claro, da própria família: o casal de lésbicas. No mínimo emocionante.

A segundo história, de 1972, aborda o melhor tópico. Quando eu e minha namorada assistimos ficamos horas discutindo sobre o comportamento das personagens e a atualidade do tema. Bem resumidamente, Linda (Michelle Williams) conhece Amy (Chloë Sevigny) em um bar. Linda faz parte de um grupo feminista. As amigas de Linda recriminam o contato dela e de Amy por discordarem da forma como a nova namorada se veste. Amy usa roupas tipicamente masculinas e possui comportamentos e trejeitos que destoam dos princípios que, até então, regiam a vida de Linda. Mesmo se passando em 1972, o discurso verborrágico das lésbicas feministas é um retrato da ignorância e a discriminação do gay para com o próprio gay. A negação e a repreensão das lésbicas em relação a personagem de Chloë Sevigny mostram que, mesmo indivíduos que teoricamente estariam predispostos a aceitar níveis diferentes de expressão/comportamento, e entender as ramificações infinitas da sexualidade humana, continuam, invariavelmente, a limitar o pensamento. No mínimo questionador.

O casal divertido: Sharon Stone e Ellen degeneresA terceira e última short history se passa no ano 2000 e narra a luta de um casal de lésbicas que desejam ter um filho. Fran (Sharon Stone) e Kal (Ellen DeGeneres, sim, a própria!) são atrapalhadas e engraçadinhas, o que acaba maquiando a narrativa meio bobinha. No mínimo divertido.

Fica a minha dica para quem gosta de filmes LGBT/drama. Segue abaixo o download em RMVB com as legendas em português:

segunda-feira, 18 de abril de 2011

REINO UNIDO: Força Aérea tentou "curar" mulheres lésbicas

A Força Aérea considerava as lésbicas doentes mentais e tentou "curá-las" com tratamento psicológico de acordo com documentos que deixaram de ser secretos recentemente. Na Women's Royal Air Force (WRAF), as chefias eram instruídas para terem cuidado com mulheres com "características masculinas" e em recrutas que tenham praticado desportos. Relatórios com este tipo de informação foram recolhidos até 1990, de acordo com o Daily Mail. A política foi instituída na década de 50, numa altura em que a homossexualidade era crime no Reino Unido. Os documentos referem a homossexualidade como algo de "perigoso" e aconselham um "tratamento" para essa "anomalia psicológica" que será apenas "útil" se o "paciente tiver discernimento suficiente para desejar ser curado." Já para os casos em que haja prática da "perversão" ou "tentativa de corrupção de outras mulheres" então as culpadas devem ser dispensadas do serviço. A proibição de homens e mulheres homossexuais no serviço militar foi terminada apenas em 2000, se bem que a homossexualidade tenha sido legalizado em Inglaterra e País de Gales em 1967. Os documentos revelam que 13 mulheres foram expulsas da WRAF por homossexualidade em 1955 e 60 foram demitidas em 1970.
REINO UNIDO: Força Aérea tentou

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sylvia Beach

Sylvia Beach (14 de março, 1887 - 05 de outubro de 1962), nascido em Nancy Woodbridge Beach, na casa paroquial de seu pai, em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, foi um dos principais expatriados figuras em Paris, entre a Primeira Guerra Mundial I e II.

Sylvia Beach nasceu em 14 de março de 1887, a segunda das três filhas de Sylvester Beach e Thomazine Eleanor Orbison. Embora chamada Nancy depois que sua avó Orbison, mais tarde ela decidiu mudar seu nome para Sylvia. Seus avós maternos eram missionários para a Índia, e seu pai, um pastor presbiteriano, era descendente de várias gerações de sacerdotes. Quando as meninas eram jovens, a família viveu em Baltimore e em Bridgeton, New Jersey. Então, em 1901, a família se mudou para a França após a nomeação Sylvester Beach como ministro adjunto da Igreja Americana de Paris e diretor do centro de estudante norte-americano

Como uma jovem mulher, Sylvia Beach passou mais de três anos em Paris (1902-1905), mas retornou a Nova Jersey, em 1906, quando seu pai se tornou pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Princeton. Depois que sua família retornou aos Estados Unidos, Sylvia fez várias viagens de regresso à Europa, viveu por dois anos na Espanha e trabalhava para a Comissão dos Balcãs da Cruz Vermelha. Durante os últimos anos da Grande Guerra, ela foi atraída de volta a Paris para estudar literatura francesa contemporânea. Enquanto conduzia uma pesquisa na Bibliothèque Nationale, Sylvia Beach encontrada no nome da livraria Adrienne Monnier em um blog literário francês e decidiu procurar a pequena loja na rue de l'Odéon. Lá, ela foi muito bem recebido pelo proprietário, que, para sua surpresa, era uma mulher de cabelos louros gordo jovens vestindo um vestido que parecia um cruzamento entre um vestido de camponês e hábito de freira ", com uma saia longa e cheia ... e uma espécie de colete de veludo apertadas sobre uma blusa de seda branca. Ela estava em cinza e branco como a sua livraria. " Embora Sylvia estava vestido com uma capa e um chapéu espanhol, Adrienne soube imediatamente que ela era americana. Nessa primeira reunião, Adrienne, declarou: "Eu gosto muito de americanos." Sylvia respondeu que ela gostou muito da França. Mais tarde, eles se tornaram amantes e vivem juntos há 36 anos, até o suicídio de Adrienne em 1955. Shakespeare and Company James Joyce com Sylvia Beach na Shakespeare & Co 1920..

Sylvia imediatamente se tornou um membro da biblioteca de Adrienne de empréstimos, e quando ela estava em Paris, frequentando regularmente as leituras de autores como André Gide, Paul Valéry e Jules Romains. Inspirado na vida literária da Margem Esquerda e pelos esforços para promover a Adrienne escrita inovadora, Sylvia sonhou iniciar um ramo de loja de Adrienne livro em New York que oferece obras contemporâneas de francês para leitores americanos. Desde a sua única capital foi de US $ 3.000 dólares, que sua mãe deu-lhe de suas economias, Sylvia descobriu que ela não poderia ter recursos para tal empreendimento em Nova York. No entanto, as rendas de Paris foram muito mais barato e taxas de câmbio favoráveis, por isso com a ajuda de Adrienne, Sylvia abriu uma livraria em idioma Inglês biblioteca e do empréstimo que deu o nome de Shakespeare and Company. Quatro anos antes, ela abriu sua loja, Adrienne tinha sido uma das primeiras mulheres na França e encontrou sua própria livraria. Praia livraria era localizada no 8, rue Dupuytren no 6 º arrondissement de Paris. Shakespeare and Company rapidamente atraiu leitores de ambos os franceses e americanos - incluindo um número de aspirantes a escritores a quem ofereceram hospitalidade Sylvia e incentivo, bem como livros. Como o franco caíram em valor e da taxa de câmbio favorável atraiu um grande fluxo de norte-americanos, loja Sylvia floresceu e logo precisava de mais espaço. Em maio de 1921, a Shakespeare and Company mudou-se para 12 rue de l'Odéon, do outro lado da rua da Maison de Adrienne des Amis des Livres. Shakespeare and Company ganhou fama considerável após a publicação de Ulisses de James Joyce, em 1922, como resultado da incapacidade de Joyce para obter uma edição fora de países de língua Inglês. Praia mais tarde seria financeiramente encalhado quando Joyce assinou contrato com outra editora, saindo da praia em dívida após financiando, e sofrendo graves prejuízos de, a publicação de Ulisses. Shakespeare and Company tiveram dificuldade em toda a Grande Depressão dos anos 1930, mas conseguiu manter à tona graças à generosidade do círculo Praia de amigos ricos, incluindo Bryher. Em 1936, quando Sylvia Beach pensei que ela seria forçada a fechar sua loja, André Gide organizou um grupo de escritores em um clube chamado Amigos da Shakespeare and Company. Os assinantes pagavam 200 francos por ano para atender as leituras na Shakespeare and Company. Apesar de inscrições foram limitadas a um seleto grupo de 200 pessoas (o número máximo que a loja poderia acomodar), a notoriedade dos autores franceses e americanos que participam nas leituras durante esses dois anos atraiu considerável atenção para a loja. Sylvia Beach lembrou que até então, "nós estávamos tão gloriosa com todos esses escritores famosos e toda a imprensa que nós recebemos que começamos a fazer muito bem nos negócios". 211 Shakespeare and Company permaneceu aberta após a queda de Paris, mas até o final de 1941, Sylvia Beach foi forçada a fechar.

Sylvia Beach foi internado por seis meses durante a Segunda Guerra Mundial, mas ela manteve seus livros escondidos em um apartamento vago no andar de cima aos 12 rue de l'Odeon. Simbolicamente, Ernest Hemingway "libertado" a loja pessoalmente, em 1944, mas nunca re-aberto para negócios.

Final da vida

Depois do suicídio de Monnier, em 1955, Beach teve um relacionamento com Camilla Steinbrugge. Em 1956, Praia escreveu Shakespeare and Company, um livro de memórias do período entre-guerras que os detalhes da vida cultural de Paris na época. O livro contém, em primeira mão as observações de James Joyce, DH Lawrence, Ernest Hemingway, Ezra Pound, TS Eliot, Valery Larbaud, Thornton Wilder, André Gide, Fargue Leon-Paul, George Antheil, Robert McAlmon, Gertrude Stein, Stephen Benet, Aleister Crowley, Harry Crosby, Caresse Crosby, John Quinn, Berenice Abbott, Man Ray, e muitos outros "Shakespeare and Company" da loja, Paris, 2004 Americano George Whitman abriu uma nova livraria em 1951 em um local diferente em Paris, originalmente chamado de O Mistral, rebatizada Shakespeare and Company, em 1964, em honra do falecido Sylvia Beach. Praia permaneceu em Paris até sua morte em 1962. Embora a sua renda era modesta durante os últimos anos de sua vida, ela foi amplamente homenageada por seu publicação de Ulisses e do seu apoio de escritores aspirantes durante a década de 1920. Sylvia Beach foi enterrado no Cemitério de Princeton. Seus trabalhos são arquivados na Universidade de Princeto

domingo, 10 de abril de 2011

Cassandra Rios

Foi uma escritora brasileira, autora de dezenas de livros que há quarenta anos escandalizaram o Brasil por seu estilo "pornográfico", dentre eles A Tara, Tessa, a Gata, Volúpia do pecado, A paranoica, Muros Altos, Uma Mulher Diferente, Cabelos de Metal e A Borboleta Branca, entre outras dezenas de títulos. O romance A Noite Tem Mais Luzes atingiu a marca de 700 mil exemplares vendidos.

Nascida em 1932 com o nome de Odete Rios, Cassandra foi uma das autoras mais vendidas dos anos 60 e 70 - e também das mais perseguidas pela censura, que não tolerava o forte conteúdo erótico de sua obra, considerada pornográfica pelos setores mais conservadores da cultura. Em seus livros, Rios falava com liberdade e muita sensualidade sobre assuntos mais que polêmicos para a época, como o homossexualidade feminina, as relações entre sexo, religião, política e cultos umbandistas, que "atentavam" contra a moral defendida pelos militares. Lésbica assumida, chegou a vender quase trezentos mil exemplares de seus livros por ano, um sucesso editorial que só seria igualado décadas mais tarde pelo escritor Paulo Coelho.

Estreou com "Volúpia do Pecado" (1948) e foi um sucesso popular com incontáveis livros, ao lado da também considerada pornógrafa Adelaide Carraro. Com a abertura, um de seus livros, A paranóica, foi adaptado para o cinema com o título de Ariella, interpretado por Nicole Puzzi. Ariella era uma menina rejeitada que vivia numa mansão e que descobre que seu tio fingia ser seu pai para ficar com sua fortuna. Para se vingar, passa a usar o próprio corpo, desintegrando a família.

Aos 33 anos, em meados dos anos 1960, Cassandra era uma mulher completamente diferente das da época. Porte alto, vestindo terninho e com certa altivez, destacava-se mesmo estando numa multidão. Além de escritora, nesta época foi dona de uma livraria na avenida São João, ao lado da Galeria do Rock, em São Paulo,onde podia ser encontrada diariamente.

Em 1976, a autora tinha 33 dos 36 livros que havia publicado apreendidos e proibidos em todo o país. Desde então, desapareceu completamente do noticiário. Abandonada, editando os últimos livros por conta própria, Cassandra queixava-se que sempre se sentiu incomodada pelo fato de sua vida pessoal ser confundida com as atmosferas que criava em suas obras. Numa entrevista recente à revista TPM, afirmou: "O que mais me incomodou foi me encararem como personagem de livro. Então, não tenho capacidade para ser escritora?!" Cassandra Rios faleceu em São Paulo, aos 69 anos de idade, em 8 de março de 2002.

Pioneira da literatura lésbica brasileira

Cassandra Rios, cujo nome real era Odete, nasceu em 1932 em São Paulo e faleceu no dia internacional da mulher, 8 de março de 2002. Foi uma escritora polêmica que ficou conhecida pela ousadia de suas obras, consideradas por alguns como pornográficas, por outros como irresistíveis. Nas décadas de 1960 e 1970, foi das autoras brasileiras que mais vendeu livros, chegando à marca surpreendente de 300 mil exemplares por ano, algo de que apenas Jorge Amado chegava perto na época. Foi também uma das mais perseguidas pela censura, tendo tido nada menos do que 34 de seus romances retirados de circulação pela ditadura militar. Suas obras misturavam lesbianismo, cultos umbandistas, negócios e política, mas ela marcou a imaginação de milhares de adolescentes e jovens com as descrições diretas, sem rodeios, de encontros sexuais os mais variados. Pode-se dizer que foi a primeira escritora brasileira a mostrar a mulher como um ser sexual, com desejos próprios muito além de ter filhos.

Foi também a pioneira em retratar as lésbicas nas letras brasileiras, ainda mais por apresentá-las como pessoas cuja natureza é homossexual, não resultado de doença ou passível de re-educação como se acreditava na época. Temos orgulho de colocar à disposição de nossas leitoras as obras atualmente em catálogo com temática lésbica desta escritora excepcional: Eu sou uma lésbica Relato de 1980, super direto, que conta a fascinação da menina Flávia pela linda vizinha, dona Kênia. Você não vai acreditar nesse final, é uma surpresa e tanto!As traças Andréa é uma adolescente que se apaixona loucamente pela professora de história, dona Berenice. Sem saber como lidar com seus sentimentos desvairados, ela vai experimentando o mundo de sua sexualidade proibida.

Adrienne Monnier

Quando a livraria francesa La Maison des Amis des Livres abriu as suas portas no dia 15 de novembro de 1915, no número 7 da rue de l'Odeon na margem esquerda do Sena, em Paris, a proprietária Adrienne Monnier, então com 23 anos, tinha o objetivo modesto de querer compartilhar seu amor pela literatura com o público.
Embora às vezes as mulheres atendessem em uma livraria da família, e as viúvas, ocasionalmente, assumissem os negócios editoriais da família, era raro que uma mulher francesa e independente se tornasse uma livreira. No entanto Adrienne, que havia trabalhado como professora e como secretária literária, adorava o mundo da literatura e estava determinada a fazer carreira vendendo livros. Com capital limitado, ela e sua amiga Suzanne Bonnierre abriram sua loja no momento em que havia necessidade real de uma loja de livros nova, já que muitos vendedores de livro tinham deixado seu trabalho para se juntarem as forças armadas.
La Maison foi a primeira biblioteca de empréstimo gratuito, na França, o que permitiu Monnier alcançar pessoas de todas as esferas e transformá-las em leitoras. A pequena livraria/biblioteca convidava os leitores a navegar pelos livros nas prateleiras encostadas nas paredes, sentar em uma das antigas cadeiras espalhadas ao redor de uma grande mesa de madeira, e estudar as muitas fotografias e desenhos que pendia de alto a baixo. Monnier tinha em mente uma loja que, como ela descreveu em seu livro de memórias:
"[Livrarias]que tendem a não atender a um público grande, mas sim um grupo que pode ser possível conhecer individualmente e servir perfeitamente."
Porque ela não tinha os meios financeiros para comprar uma grande quantidade de livros, Monnier decidiu especializar-se em obras modernas, que provou ser uma peça importante para seu sucesso. Ela compreendeu a necessidade de correr riscos por pegar um poema ou um romance contemporâneo, em vez de sucumbir ao conforto e segurança dos clássicos. Monnier tinha encontrado seu nicho e La Maison logo se tornou o centro da vanguarda da literatura francesa. Cada manhã, vestindo sua tradicional saia longa cinza que varria o chão com um colete sobre uma blusa branca engomada, Monnier encheria um estande de exposição ao ar livre com os livros de segunda mão.
Um escritor que frequentemente visitava La Maison, era Jules Romains, mais lembrado hoje por seus Hommes de Bonne Volonté (Homens de Boa Vontade), uma compilação de vinte e sete romances que exploram a civilização francesa no primeiro terço do século 20. Monnier o admirava muito, depois de ler tudo o que tinha escrito e ao longo de dois anos desenvolveram uma estreita amizade. Foi Romains, que inaugurou uma longa tradição no La Maison, as sessões de palestras ou leituras, mediante a apresentação de seu poema Europa em 1917.
Naquele mesmo ano, uma jovem americana chamada Sylvia Beach, que estava em Paris, prosseguindo seus estudos na literatura francesa contemporânea, depara com um anúncio da La Maison, que a atrai a Adrienne Monnier e a rue de l'Odeon. A rua de paralelepípedos provincial subia para o Théâtre de l'Odéon, com sua arquitetura neoclássica do século 18, lembrava Beach de casas coloniais de Princeton. Beach passou grande parte da sua juventude, em Princeton, Nova Jersey, onde seu pai, o reverendo Sylvester Woodbridge Beach levou a Primeira Igreja Presbiteriana. Durante os anos em Princeton, a família Beach visitou Paris, muitas vezes, chegando a se estabelecem por meses. Sylvia escreveu mais tarde em sua autobiografia: "Nós tínhamos uma verdadeira paixão pela França”.
Monnier cumprimentou sua nova visitante e as duas mulheres se viram envolvidas rapidamente em uma conversa apaixonada sobre o amor que nutriam cada uma pela literatura do país da outra. A idéia de estar cercada por livros e escritores todo o dia deve ter encantado Beach, quando ela olhou ao redor da livraria cinza e branco. Beach descreveu Monnier como:
"... uma escandinava, com seus cabelos lisos e penteados para trás O mais impressionante eram os olhos dela. Eles eram cinza-azulados e ligeiramente abaulados, e me lembravam os de William Blake."
Beach, pelo contrário, usava corte de cabelo ondulado abaixo das orelhas. Em Paris é uma Festa seu amigo Ernest Hemingway escreveu: "Seus olhos castanhos eram tão vivos como pequenos animais e tão alegres como meninas."
Com total apoio de Monnier e seu senso de negócios, Beach criou coragem de abrir sua própria livraria de literatura inglesa e americana em Paris. Sua primeira aventura começou no dia 19 de novembro de 1919, no número 8 da rue Dupuytren, perto de l'Ecole de Medecine, até que, dois anos depois, surgiu uma loja para alugar no número 12 da rue de l'Odeon, do outro lado da rua de La Maison. Em seguida, entre Beach e Monnier se desenvolveu uma estreita amizade, tinham se tornado amantes e passaram a viver juntas no número 18 da rue de l'Odeon, durante 15 anos.
Adrienne Monnier lançou também uma revista de língua francesa Le Navire d'Argent, em junho de 1925. Junto com as obras de escritores franceses que frequentavam sua livraria, Adrienne publicou uma tradução que ela e Sylvia tinham feito de The Love Song of J. Alfred Prufrock de T. S. Eliot, foi o primeiro poema importante escolhido para aparecer em francês. A Revista de Adrienne era de alcance internacional e publicava as listas de obras americanas em tradução, assim como consagrava os escritores americanos, incluindo Walt Whitman, William Carlos Williams, Ernest Hemingway e e. e. cummings. Após doze edições Adrienne teve de abandonar o Navire d'Argent, pois o esforço e o custo era mais do que ela poderia controlar. Através das duas livrarias e de suas publicações, Adrienne e Sylvia, fizeram muito para tornar a literatura americana conhecida na França.
Embora Beach tenha sido forçada a fechar sua loja durante a ocupação alemã, Monnier permaneceu aberta e continuou a fornecer livros e consolo aos leitores parisiense. Durante dez anos após a guerra Adrienne Monnier continuou seu trabalho como ensaísta, tradutora e livreira. Afetada por problemas de saúde, Monnier foi diagnosticado em setembro de 1954 com distúrbios auditivos e também sofria de delírios. Em 22 de maio de 1955, ela cometeu suicídio tomando uma overdose de pílulas para dormir.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Wu Tsao

Século 19 Wu Tsao nasceu por volta de 1800, seu ano de nascimento e morte são incertas. Ela era a filha de um comerciante e casou com um comerciante de si mesma. Suas experiências com estes homens não foram positivos, e ela procurou a companhia das mulheres, como amigos e como amantes. Ela escreveu poemas eróticos com cortesãs, criando passagens líricas sem pejo cheio de doçura de saudade. Ela era poeta China lésbicas grande, e ela era popular, enquanto ela viveu, suas músicas cantadas por toda a China. Sua poesia apresenta uma variedade de tópicos, ao contrário de outros poetas, as mulheres de seu tempo. Essa versatilidade, combinada com o estilo casual e tom pessoal, provavelmente contribuiu para sua popularidade. Mais tarde na vida, Wu Tsao mudou-se para o isolamento e se tornou uma sacerdotisa taoísta. Em relação ao Wu Tsao, Kenneth Rexroth escreve: "Ela é um dos grandes poetas de todos os tempos Lésbicas, talvez não tão grande como Safo, mas certamente maior do que qualquer dos modernos". De acordo com a Rexroth, Wu Tsao é geralmente considerado como o poeta terceira mulher da China, depois de Li Ch'ing-chao e Shu Chu-ch & ecircn, e com Ne-lan Hsin- como um dos dois poetas tz'u líder do Ching (Manchu) Dinastia. Dada a qualidade do trabalho de Wu Tsao e sua história, é perturbador descobrir que seu nome raramente aparece nos perfis dos poetas ocidentais, e ela não está incluído nas discussões literárias da tradição poética lésbicas. Nota do Editor: Encontrar informações sobre Wu Tsao provou extremamente desafiador, Kenneth Rexroth (que traduziu seu trabalho) desde que os recursos apenas neste poeta. Pesquisas Biblioteca têm provado até agora infrutíferos. Se você souber de quaisquer outras fontes de informação sobre Wu Tsao, por favor, me escreva com mais detalhes.